Eu errar? Imagina, eu não fui educada para errar. Na escola me ensinaram que errar não podia, que era feio e que eu deveria acertar sempre porque só quem acerta ganha coisas boas da vida.
Mal sabia a escola o quão errada ela própria estava ao ensinar isso.
A melhor coisa que eu ganhei na vida foi por conta de um erro.
E sabe aqueles erros bem errados que você não acredita que poderia ter cometido?! Pois é… em 2013 fiquei noiva. Eu nunca havia pensado no casamento como um sonho, queria me casar, mas nada muito idealizado, não sou muito romântica, mas o pedido foi de um jeito tão encantador que o casamento passou a ter outro sentido para mim. Comecei a pensar e planejar tudo detalhadamente, ia ser simplesmente maravilhoso. Vestido comprado, festa inteira definida, igreja reservada e de repente umas coisas estranhas começaram a acontecer… mal estar, uma salivação esquisita na boca, uma sensação estranha.
Grávida, eu??? Antes de casar?? Impossível. Eu que sou tão planejada e organizada?! Não ia errar assim. Impossível. Impossível. Impossível.
O casamento foi só no civil, a mudança para nossa casa antecipada e eu que pensava que em março de 2014 estaria entrando de noiva, estava na verdade, já casada, cuidando de uma casa, com um bebezinho no colo e repensando uma vida inteira de escolhas que já não faziam o menor sentido.
Pois é, minha filha foi minha descoberta. Não só no âmbito da maternidade, que já é por si só algo muito grande, mas também no âmbito profissional, ou melhor, pessoal, porque quando a gente ama algo não existe mais distinção entre um e outro. A Catarina despertou uma paixão que vivia dentro de mim e eu não entendia direito, ela despertou meu desejo de entender o desenvolvimento infantil. Ficar com ela em casa e acompanhar cada dia da sua evolução me fez querer estudar muito, me aprofundar no tema, fazer outra faculdade, fazer cursos dentro e fora do país. Me fez criar um movimento para ajudar outras mães nesse processo. Me fez envolver com trabalhos voluntários. Me fez ver a importância de garantir uma primeira infância plena para termos uma sociedade melhor no futuro. Me fez criar um mundo de possibilidades que até então não existiam.
Me fez entender também o papel e importância dos erros e por isso eu digo a ela “Tenta, meu amor, sem medo, porque se errar você se tornará capaz de evoluir.”
Sol
Eu sou a Sol, mãe da Catarina, esposa do Gustavo, tia-madrinha da Laura e do Pedro.
Eu errei quando escolhi trabalhar em multinacional. Depois percebi que acertei porque a visão analítica que construí se faz fundamental no meu trabalho hoje.
Eu errei quando escolhi ser professora de educação infantil. Depois percebi que acertei porque o olhar individual sobre as crianças é meu diferencial.
Eu errei quando disse para uma pessoa que conhecia um homem que trabalhava comigo e que eu não conhecia de fato. Depois percebi que acertei porque a moça perguntou a ele sobre mim e ele foi atrás da resposta.
Hoje ele é meu marido.
Eu errei quando achei que fosse errado errar. Depois percebi que é certo porque nos traz uma série de coisas importantes que não buscaríamos se não fosse esse erro.
Ontem eu não me permitia errar. Hoje eu me permito.