Quando me tornei professor, preparava as aulas com todo o capricho possível e conseguia ensinar conceitos complexos de forma bastante simples. Os participantes admiravam os novos conhecimentos que adquiriam e teciam comentários sobre a qualidade da comunicação nas avaliações de reação.
Tudo continuaria assim, se minha especialidade não fosse "aprendizagem e desenvolvimento de competências". Depois de algumas pesquisas realizadas, diversos livros lidos e várias experiências comprovadas, cheguei a conclusão de que a tradicional aula passiva é a que menos desenvolve. As pessoas esquecem 70% do conteúdo em apenas dois dias... E do que elas conseguem reter, quase nada é aplicado, pois a metodologia adotada não foi apropriada! Além disso, agindo assim tiramos o protagonismo da aprendizagem das pessoas e perpetuamos a postura reativa com o mundo.
Como consequência, replicamos nas organizações e nas instituições de ensino uma pedagogia arcaica focada em conteúdo, que não contextualiza o mundo real e que não proporciona o erro! Mais do que isso, não realizamos o design da experiência completa de aprendizagem que deve ser centrada no aprendiz e focada no desempenho a ser alcançado, buscando mesclar aspectos emocionais como a autoconfiança e a motivação.
Felizmente, pude redesenhar minha abordagem e passei a adotar conceitos de sala de aula invertida, action learning, Universal Design for Learning (UDL), Inquiry-Based Learning (IBL), entre outros. Confesso que não foi fácil, nem para mim, nem para os participantes que estavam acostumados a ouvir, mas que por outro lado foi muito mais gratificante para a retenção e para o domínio de novas competências.
Gostaria que todos os professores e facilitadores pudessem também descobrir este que foi o erro que mais aprendi na vida! Devemos parar de ensinar, e passar a ajudar as pessoas a aprender, já dizia Paulo Freire.
Wagner T. Cassimiro é professor e articulista do Canal Espresso3, publica semanalmente entrevisas e microaulas sobre os temas de aprendizagem corporativa e gestão de pessoas. Para mais: www.espresso3.com.br